
  Parabéns às mães que trazem a luz da literatura, na vida  dos filhos 
 *Antonio Rios 
  Nem tudo na vida precisa necessariamente ser verbalizado  para ser ensinado. Ensina-se pelo exemplo, agindo,  sentindo, mostrando amor ao que se faz. E a maioria das  mulheres, mães e guerreiras desempenham muito bem  este papel. A proximidade do Dia das Mães me levou  novamente a refletir alguns dos resultados da pesquisa  Retratos da Leitura no Brasil, capitaneada pelo Ibope  Inteligência sob o comando do  Instituto Pró-Livro.    
 Segundo os resultados da última pesquisa, 22% dos leitores  viam a mãe lendo algum livro e 43% dos leitores tem na  mãe sua grande incentivadora no processo de ler por  prazer. O papel das mães mostra-se mais relevante ainda  na comparação com os pais; de acordo com o estudo 44%  dos leitores tem ou tiveram a mãe lendo para eles, já no  caso dos pais, apenas 27% tinham essa prática. Se  somarmos os dois índices, temos na família uma grande  força motora rumo à formação de leitores. Em uma  entrevista para um vídeo do IPL, Mauricio de Sousa contou  que em sua casa, ele e a mulher deixavam não só livros,  mas também lousas, canetas e, lápis, tudo pelo caminho  por onde os filhos passavam, para estimulá-los a ler, a  expressar sentimentos e o que a criatividade mandasse,  seja lendo, escrevendo ou desenhando.     
 O melhor é que está claro que ler não é só aprender a  decodificar os códigos e símbolos da escrita. A leitura torna  a viagem acessível, libera sentimentos, paixões, amplia a  visão e mostra que os sonhos auxiliam na formação da  realidade. O escritor Moacyr Scliar definiu muito bem  quando disse que “a própria palavra símbolo é muito  significativa. Vem do grego symbolon, em que syn quer  dizer juntos, e bolon é arremessar. Unidos por símbolos  nós, humanos, nos arremessamos juntos nesta aventura  que é a vida. Juntos, não separados; este caráter de união  que o símbolo proporciona é uma coisa importante.”	  
 Na edição do livro Retratos da Leitura no Brasil II,  Moacyr  Scliar comenta em artigo o quanto sua mãe teve  participação em sua formação como leitor e depois na  decisão de ser escritor. “Minha mãe era imigrante; foi à  escola, terminou o curso normal (era professora primária,  como se dizia na época) e uma grande leitora – tão fã de  José de Alencar que deu ao filho o nome de um dos  personagens criados pelo grande escritor. Ela fazia questão  de que os filhos lessem, e uma vez por ano levava-me à  Livraria do Globo, no centro de Porto Alegre, onde havia  uma espécie de feira do livro. Eu ficava absolutamente  deslumbrado naquela enorme livraria, e a vontade que  tinha era de comprar todos os livros ali existentes. Mas eu  sabia que livro custa dinheiro, sabia que na nossa casa a  grana era escassa, de modo que lhe perguntava quanto eu  estava autorizado a gastar. E a resposta dela era uma só:  na nossa casa não pode faltar livros, compra quantos  quiseres.”  
   
 Assim como fez a mãe de Scliar, muitas outras mulheres  têm iniciado seus filhos e sua família no mundo da leitura,  mostrado seus encantos,  apesar de tantos outros estímulos  que os jovens têm hoje com o advento da internet, dos  jogos de videogame e muito mais.   
   
 Só me resta, em nome do IPL, parabenizar a todas as mães  e mulheres pela luta permanente para formar leitores e  brasileiros melhores e parodio o que foi dito por Monteiro  Lobato: “Um país se faz com homens e livros”. Com suas  ações e exemplo hoje as mulheres certamente estão  colaborando para uma sociedade brilhante.  
 Antonio Rios é presidente do Instituto Pró-Livro 
