Pipoca, groselha e muitas histórias

Conheça o Contos de Garagem, iniciativa que deseja tornar acessível e prazeroso o contato com a leitura para conectar pessoas, famílias, amigos e vizinhos Desenvolver comunidades por meio da leitura e da narração de histórias em garagens é a principal missão do projeto, que explicita a necessidade das conexões presenciais para fazer nascer novos leitores por meio da leitura afetiva. Parece difícil, mas não é. Para começar a entender a ideia dos organizadores, é preciso saber que o Contos de Garagem se propõe a ser uma metodologia para a colaboração e não uma instituição. “Nos posicionamos como um software social que conta com alguns princípios base para acontecer, mas com flexibilidade para se adaptar às comunidades e lideranças locais. Nâo tem sede fixa e os encontros presenciais são articulados através das redes sociais, principalmente os grupos de Whatsapp”, explica Canela Borges, fundadora da Iniciativa. De acordo com Canela, os objetivos específicos do Contos de Garagem são: 1) Desligar para conectar: incentivar a conexão presencial para a troca de aprendizados e exercício da empatia; 2) Ressignificar os espaços e recursos: usar a garagem de uma residência, salão de festas em um condomínio ou praças públicas faz entender que já temos todos os recursos disponíveis para o projeto, o que muda é a atitude. 3)Desenvolvimento da Leitura Afetiva nas famílias. O projeto foi desenvolvido baseado em princípios, explicitados por Canela: 1) Disponibilidade: o garageiro anfitrião disponibiliza o seu espaço para receber a vizinhança. Os vizinhos, disponibilizam o seu tempo (os encontros duram aproximadamente 2 horas) para ouvir histórias e compartilhar dicas de leitura. 2) Reciprocidade: ao final do encontro, alguém presente oferece-se para ser o próximo anfitrião (os encontros ocorrem todo primeiro domingo do mês). Existe um tapete e uma mala com um acervo de livros que fica à disposição daquela família até o próximo encontro. E assim o ciclo se mantém vivo e auto-organizável. 3) Horizontalidade: a partir do momento que o tapete é esticado na garagem, todos podem ser contadores. leitores de histórias (cada um a seu modo conta a história que emergir naquele momento, ninguém, nem mesmo o garageiro anfitrião deve ser o único a ter a palavra durante o encontro. Não são permitidos eventos em locais com venda de bebidas alcoólicas, espaços vinculados a partidos ou associações religiosas. Em 2014, ano que surgiu o Contos de Garagem, foram realizados aproximadamente 50 encontros em quatro cidades (Itanhaém, São Paulo, Taboão da Serra e Recife), sempre regados de muita alegria, groselha e pipoca, itens obrigatórios das reuniões, além dos livros. O projeto se sustenta e caminha por si em uma comunidade de garageiros que trocam experiências por meio de um grupo no Facebook e outro no Whatsapp. “Desejamos expandir a metodologia para outros municípios e iniciativas de leitura. Dessa forma, vamos conquistar o engajamento para a produção de conteúdo, edição de vídeos e sistematização dos resultados, ou seja, saberes e serviços que não estão dentro do nosso pool de conhecimento”, diz Canela. A continuidade do projeto depende apenas da disponibilidade das comunidades envolvidas e das novas que virão, por isso, os organizadores convidam a quer tiver interesse em ser um garageiro a entrar em contato pela página do Facebook do Contos de Garagem e continuar essa bela rede de apaixonados pela leitura.