Prêmio IPL – entrevista com Patrícia Diaz sobre a categoria bibliotecas

A diretora de Desenvolvimento Educacional da CE CEDAC fala sobre a categoria que mais recebeu inscrições na edição deste ano e sobre a importância dos projetos desenvolvidos em bibliotecas para a construção de um país de leitores Qual é a importância de premiar projetos realizados em bibliotecas públicas e comunitárias e como eles contribuem para a transformação do Brasil em um país de leitores? Como no Brasil ainda temos um número reduzido de bibliotecas públicas e muitas das que existem ainda possuem características muito desatualizadas frente à ampliação que temos hoje de possibilidades leitoras, ter um prêmio que valorize boas práticas em bibliotecas públicas estimula a propagação dessas ideias e chama a atenção das pessoas para as possibilidades desses espaços contribuírem para as mudanças que almejamos para a nossa sociedade, como, por exemplo, mais conhecimento sobre nossos bens culturais, mais possibilidade de diálogos inteligentes e respeitosos, promoção da riqueza que é ter diversidade de opiniões e visões sobre uma mesma obra etc. O Prêmio pode incentivar governos a investir mais em bibliotecas, por que? Difícil de pensar nessa relação, principalmente no momento político que vivemos no país. O investimento governamental em bibliotecas sempre foi mínimo. Há muitos anos temos metas para ampliar o número de bibliotecas públicas e esse número avança em passos bem lentos. Vemos um crescimento no número de bibliotecas comunitárias, num movimento bonito, pois são projetos que nascem genuinamente públicos: com e para a comunidade, o que já garante um alinhamento forte entre os desejos e possibilidades do coletivo que está a frente da biblioteca… mas também sabemos que a sustentabilidade e ampliação desses espaços são, muitas vezes, difíceis, já que não há recursos suficientes. Assim, o ideal seria que projetos premiados fossem inspiração para que governos, junto com as comunidades, construíssem projetos importantes nas bibliotecas existentes, além de construírem novas. A categoria bibliotecas foi a que teve o maior número de inscritos, quase um terço, qual é a interpretação que você faz desse dado? Esse é um dado animador! Estou muito animada e curiosa para conhecer esses projetos. Muito bom saber que existem muitas pessoas espalhadas pelo país, realizando ações para promover a leitura e ativar os espaços das bibliotecas. Pode ser um reflexo de uma necessidade de reinvenção desses espaços, na sociedade atual que acaba se afastando das estantes em que os livros moram… para ficar na comunicação e informação do mundo virtual, que não requer, muitas vezes, leituras mais densas e complexas. Saber que muitas bibliotecas estão pensando em como se reinventar para trazer esses novos leitores para dentro é maravilhoso! Como incentivar ainda mais os brasileiros a frequentar bibliotecas? Quando a biblioteca se transforma em um projeto cultural, vivo, inclusivo e acessível, ela pensa seu espaço e seus tempos numa outra relação e, assim, acaba por atrair um público maior e mais engajado em mergulhar nas experiências que ali são ofertadas para a inclusão de todos no mundo da cultura escrita. Ela precisa ir muito além dos conhecidos empréstimos de livros e espaços silenciosos para pesquisa. Precisa promover encontros diversos e ter profissionais capacitados para atrair um público cada vez mais diverso e mais amplo para a formação leitora que ali é promovida.