Uma professora formando leitores literários

Trabalho como professora no Ensino Fundamental I na E. E. Conselheiro Antonio Prado, situada na cidade de São Paulo. Quando era jovem, fui impactada positivamente pela leitura e desde então, trabalho para que outras pessoas também sejam. Alguns livros responsáveis por este fascínio: os romances “O meu pé de laranja lima” e “Rosinha minha canoa”, de José Mauro de Vasconcelos. “O Pequeno Príncipe “de Antoine de Saint – Exupéry. Para mim, a leitura de um modo geral e a leitura do texto literário em especial, possibilita ao indivíduo exercer sua cidadania de forma plena. Leitura que não se restringe unicamente a palavra e vai além do texto escrito, abrangendo a leitura de mundo. Leitura de mundo e de palavra que se inter-relacionam, permitindo uma maior autonomia, maior capacidade de reflexão e desenvolvimento do senso crítico. Desenvolvo projeto que demonstra a importância da leitura e da leitura do texto literário na formação do leitor e a relevância do professor-mediador nesse processo, desde 2006 quando ingressei na rede estadual de educação em São Paulo. Para isso, desenvolvi práticas de leitura, tais como: leitura em sala de aula, acervo da sala de aula, papel da família na formação do leitor literário, roda cultural, leitura compartilhada dos textos de história, geografia e ciências, leitura e escrita na matemática. Acredito no poder da literatura como processo de humanização do indivíduo, consequentemente faz-se necessário despertar o prazer e o hábito da leitura. Durante esses anos, vários episódios confirmaram o valor do projeto, mas um em particular me deixou muito feliz. Foi quando meus alunos fizeram questão de levar livros para serem lidos durante as férias de julho. (Às vezes, vários livros !!). Ou quando pais comentam que os filhos pedem para comprar livros. Quando paro para pensar nas primeiras aulas em 2006, quando iniciei a leitura dos contos de fadas e os olhinhos daquelas crianças do 2º ano não desgrudavam da estória, percebo o quão falso é afirmar que crianças não gostam de ler e ouvir estórias. Na verdade, elas precisam ser encantadas por elas. Depois que isso acontece, precisamos dar continuidade, ou seja, alimentá-las de boas estórias para que possam assim, criar o hábito da leitura e continuarem sendo leitoras ativas e vorazes. Juntamente com aquelas crianças, fui crescendo como leitora, acreditando cada vez mais no poder da literatura e defendendo o direito de todos ao acesso a essa experiência indispensável. Ressalto aqui a importância na seleção dos livros a serem recomendados, atentando para a qualidade estética e textual e a relevância da leitura de diferentes gêneros e autores. Acredito que por meio desse meu projeto esteja contribuindo para formar leitores, pois quando encontro ex-alunos, os mesmos sentem um inegável orgulho ao afirmar que continuam lendo. Se pudesse fazer três pedidos para o gênio da lâmpada, o primeiro seria para todos os pais ou responsáveis lerem todos os dias para seus filhos. O segundo que levassem seus filhos a livrarias e bibliotecas e o terceiro que todos pudessem usufruir dos bens culturais (literatura, dança, música, teatro, cinema, artes plásticas) para ampliarem o repertório cultural através da exposição ao mundo das artes. Como afirmava Paulo Freire “A leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra e a leitura desta implica a continuidade da leitura daquele”.   Teresa Cristina Aliperti