Mekukradjá 2020 é na semana que vem


Evento aborda troca de saberes entre culturas indígenas e quilombolas

Nos dias 12 e 13 de novembro, o site do Itaú Cultural transmite os encontros da quinta edição do Mekukradjá – evento e podcast dedicados às tradições, à resistência, às renovações e a outros aspectos dos universos indígenas no Brasil contemporâneo. Com curadoria do educador e escritor Daniel Munduruku e da antropóloga e documentarista Júnia Torres, esta edição tem como foco a construção de pontes de saberes entre culturas indígenas e quilombolas.

Pela primeira vez totalmente on-line, a programação traz conversas – ou Círculos de Saberes – que abordam questões como cura, educação, meio ambiente, resiliência e as produções audiovisual e literária segundo os olhares e experiências de diferentes comunidades.

Confira a agenda a seguir (as mesas têm como título trechos do poema “Faz escuro mas eu canto”, de Thiago de Mello).

12 de novembro de 2020

Resistência: “Porque a manhã vai chegar”
10h às 11h: Círculo de Saberes 1 (ao vivo): não somos donos da teia da vida, apenas de um de seus fios

Em tempos em que a “natureza” é tantas vezes desprezada, a conversa visa mostrar como as populações tradicionais têm resistido bravamente para nos lembrar que “o que acontece à terra acontece aos filhos da terra”.
com:
Ailton Krenak (ativista e escritor)
Ana Mumbuca (integrante do quilombo Mumbuca Jalapão, em Tocantins, e mestre em desenvolvimento sustentável)
Nêgo Bispo (escritor e militante do movimento quilombola; integra o quilombo do Saco-Curtume, no Piauí)
mediação: Anápuáka Tupinambá (fundador e CEO da Rádio Yandê e do Yby Festival)

Reinvenção: “Vem ver comigo, companheiro, a cor do mundo mudar”
16h às 17h: Círculo de Saberes 2 (ao vivo): imagens que reinventam o mundo

A palavra que move este encontro é reinvenção. A conversa busca mostrar como os realizadores de projetos audiovisuais de comunidades indígenas e quilombolas estão se organizando para expor ao mundo seu permanente trabalho de atualizar seus saberes ancestrais.
com:
Gilmar Galache (representante da Associação Cultural de Realizadores Indígenas)
Riane Nascimento (realizadora audiovisual e fundadora da Eparrêi Filmes e da Rede Quilombola Eparrêi, na Bahia)
Takiwara Pataxó (professora e cineasta Pataxó, da Aldeia Barra Velha, na Bahia)
mediação: Júnia Torres (documentarista e cocuradora do evento)

Conexão: “Somos aqueles por quem esperamos”
19h às 20h: Círculo de Saberes 3 (ao vivo): cura

A conexão com os sabedores ancestrais é o segredo do equilíbrio que mantém nossa gente fiel aos princípios do passado, que se manifestam em todos os que vivem o presente como um momento de construir o tempo que ainda está por vir. Somos a conexão entre o passado e o amanhã. Essa é a cura que trazemos em nossa memória para ser partilhada com o mundo de hoje.
com:
João Paulo Tukano [antropólogo, professor e ativista do povo Ye’pamahsã (Tukano)]
Lucely Pio (raizeira e liderança da Comunidade Quilombola do Cedro de Mineiros, em Goiás)
Telma Pacheco (artesã e escritora do povo Tremembé, no Ceará)
mediação: Irineu Nje’a (liderança espiritual Koixomuneti)

13 de novembro

Utopia: “Vale a pena não dormir para esperar a cor do mundo mudar”
10h às 11h: Círculo de Saberes 4 (ao vivo): educação como prática de liberdade

A educação ancestral é holística. O conhecimento se dá de forma prática, objetiva e libertária. Essa educação é o alimento da utopia porque gera cidadãos críticos e transformadores.
com:
Almir Narayamoga Suruí (líder indígena de Rondônia)
Arlindo Baré [coordenador do Coletivo dos Acadêmicos Indígenas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) em São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas]
Miriam Aprigio Pereira (professora, articuladora quilombola e mestre em sustentabilidade junto a povos e territórios tradicionais)
mediação: Maria Inês Almeida (professora e editora)

Esperança: “Já é madrugada, vem o sol, quero alegria, que é para esquecer o que eu sofria”
16h às 17h: Círculo de Saberes 5 (ao vivo): literatura: “escrevo para não deixar o céu desabar”

É preciso comunicar ao mundo os saberes que norteiam o modo de ser ancestral. É preciso lembrar às pessoas que a única maneira de manter o céu suspenso é a troca dos conhecimentos que humanizam nossa experiência de viver. A esperança é alimentada por essa troca que fazemos ao escrever as histórias que adiam o fim do mundo.
com:
Irineu Nje’a (liderança espiritual Koixomuneti)
Julia Suzarte (poeta quilombola da comunidade Lagoa Grande, na Bahia)
Ytanajé Cardoso (escritor e professor)
mediação: Cristino Wapichana (escritor e músico)

Resiliência guardiã: “Quem sofre fica acordado defendendo o coração”
19h às 20h: Círculo de Saberes 6 (ao vivo): “o que acontece à terra acontece aos filhos da terra”

Nossa gente tem sofrido fortes agruras pelo simples fato de desejarem manter um estilo de vida que comporte padrões ancestrais. Apesar de tanto sofrimento, são grupos e comunidades que têm mostrado profunda capacidade de se alimentar das dores vividas. Isso é resiliência. Isso é capacidade de juntar forças para continuar resistindo por seus direitos ancestrais. Este círculo traz as experiências de organizações coletivas indígenas e quilombolas que se posicionam contra os ataques aos seus direitos.
com:
Kerexu Yxapyry [coordenadora-executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib)]
Sandra Andrade [diretora da Federação das Comunidades Quilombolas de Minas Gerais (N’Golo)]
Telma Taurepang [coordenadora-geral da União das Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira (Umiab)]
mediação: Telma Pacheco (artesã e escritora do povo Tremembé, no Ceará)

20h às 20h15: apresentação final (previamente gravada)
com: Kaê Guajajara e DJ Bieta

Fonte: Itaú Cultural