Ateliê Araçari recebe crianças e jovens de Caxias do Sul em situação de vulnerabilidade social


 

Segunda edição especial do projeto que proporciona a formação e o acesso amplo e gratuito às atividades artísticas, acontece de abril a julho no Instituto de Leitura Quindim 

            O Instituto de Leitura Quindim apresentou na noite desta quinta-feira (30), a segunda edição especial do Ateliê Araçari. O projeto prevê a realização de oficinas de experimentações e vivências de diferentes linguagens artísticas para crianças e jovens de casas-lares, abrigo e serviços de convivência e fortalecimento de vínculos de Caxias do Sul. Na sequência, os convidados assistiram a palestra “A arte cria o futuro”, da Mestre em Educação, consultora pedagógica do Programa Educativo da Fundação Iberê Camargo e coordenadora pedagógica da ONG Parceiros da Educação (RJ), Leda Fonseca.  

            Em 2022 foi realizado um projeto piloto para entender a necessidade das entidades e aceitação dessas crianças que, estão em vulnerabilidade social e muitas vezes com pouco ou nenhum acesso, às linguagens artísticas. O aprendizado da equipe do Ateliê Araçari foi fundamental para o entendimento de que, quanto mais tempo permaneciam atuando com as crianças e jovens, melhor era o resultado individual e coletivo.  

Para 2023, o projeto irá atender 240 crianças e jovens (de 06 a 17 anos), nas 80 oficinas nos meses de abril, maio, junho e julho de 2023, no contraturno escolar. Os alunos serão recebidos no Instituto de Leitura Quindim, onde irão ter atividades durante um mês, com periodicidade de 1 vez por semana. Cada uma das 20 instituições selecionadas poderá levar 12 crianças/jovens por vez, para terem as aulas que serão divididas por instituições. No total, será um mês de formação no Ateliê Araçari, período necessário para identificar habilidades e desejos e a partir disso indicar atividades de continuidade nestas instituições de acolhimento e serviços de convivência e fortalecimento de vínculos.  

Dentro da programação de formação estão previstas práticas artísticas como: escultura, dança, teatro, música e expressão corporal, recorte e colagem, gravuras, pinturas em pedras, telas, papéis, entre outros. O projeto e todas as aulas é promovido e realizado no Instituto de Leitura Quindim, um espaço que além de contar com propostas artísticas e culturais locais em Caxias do Sul é reconhecido pela Lei Municipal nº 8561/20 como de utilidade pública.  

Esta edição do projeto Ateliê Araçari é financiada pela Lei de Incentivo à Cultura de Caxias do Sul/Prefeitura de Caxias do Sul e conta com o apoio cultural do Instituto Elizabetha Randon e do Villagio Caxias. Além de parceiros institucionais como a Fundação de Assistência Social (FAS) e o Programa Apadrinhe. 

Saiba mais: 

O Instituto de Leitura Quindim (ILQ) é um espaço único, que celebra a literatura em diálogo com as múltiplas linguagens, localizado em Caxias do Sul (RS) e aberto para toda a sociedade. Tem como principal objetivo garantir o direito à educação e à cultura, por meio da formação de leitores, da promoção do livro, da leitura, da literatura e das bibliotecas de serviço público no Brasil e no Exterior. 

São mais de oito anos de história e de apoio à infância, ao direito à educação de qualidade e ao amor pelas histórias, inspirando e proporcionando uma relação de trocas entre leitores, livros e arte. Desde a criação em setembro de 2014, o Instituto já realizou mais de 120 ações nacionais e mais de 30 ações internacionais e pelo importante trabalho que realiza, foi declarado de utilidade pública pela Lei Municipal nº 5.861/20.  

O projeto do Ateliê Araçari conta com o trabalho e apoio de duas atelieristas, uma coordenadora artística pedagógica, uma bibliotecária e assistente, além dos professores de música e teatro. A equipe promove um ambiente propício para o ensino e o aprendizado pleno das vivências, sempre atentas às necessidades e demandas dos participantes. 

Além de terem acesso livre aos mais de seis mil e quinhentos títulos presentes na Biblioteca, as crianças e jovens participantes do projeto podem ocupar qualquer espaço do ILQ, indo da sala de exposição ao palco, do escorregador até escrever/desenhar nos vidros das janelas. O espaço exclusivo do Ateliê Araçari conta com mobiliário para que as vivências sejam feitas da melhor maneira possível, além de cavaletes e papéis próprios para pintura/desenho e variadas canetas, canetinhas, lápis e tintas.  

Neste projeto, além dos materiais acima, as atividades preveem elementos naturais, como: folhas, galhos, sementes, grãos, areia, madeiras em diferentes formatos, cascas de árvores, entre outros, que fazem parte da estrutura das atividades do Ateliê e que possibilitam diversas exploração e descobertas em estruturas e formatos. Tecidos variados e demais materiais sintéticos também estão disponíveis aos participantes para a criação de contextos e formas que fazem parte de suas criatividades. Além dos milhares dos livros, revistas e jornais estão disponíveis para atividades de recorte e colagem, podendo também ser utilizados em outras atividades, desde o teatro até a escultura. 

O Ateliê Araçari, especificamente, é importante para democratizar o acesso de crianças de instituições de acolhimento, casas-lares e serviços de convivência e fortalecimento de vínculos a espaços culturais da cidade, objetivando o pertencimento em relação a esses espaços enquanto fazedoras de arte e cultura.  

“Sabemos da importância desse projeto, especialmente para essas pessoas, pois a infância e a juventude são fases do desenvolvimento humano cuja janela de aprendizagem encontra-se num período privilegiado para a exploração, a experimentação e o desenvolvimento integral dos sujeitos”, afirma o presidente do Instituto de Leitura Quindim Volnei Canônica.  

As linguagens artísticas possuem um papel importante como mediadoras no desenvolvimento infantil e juvenil, proporcionando o elo entre experiências advindas do brincar e da imaginação com o conhecimento acerca do mundo, das relações e da sociabilidade.  

A concepção pedagógica do Ateliê Araçari está fundamentada em pesquisas voltadas para a infância e juventude, cujo objetivo é o desenvolvimento integral (psíquico, social, físico, simbólico, cognitivo e emocional). As referências teóricas para a construção das propostas e concepção do processo educativo são Loris Malaguzzi, Edith Derdyk, Stela Barbieri, Paulo Focchi, Vea Vecchi, Gandhy Piorski entre outros artistas, pedagogos e pesquisadores da arte-educação.