Livros: mais do que um gesto de amor, a abertura de portas para o mundo

O célebre poeta Fernando Pessoa, considerado um dos mais importantes escritores da história e dono dos mais belos textos da literatura em língua portuguesa, ao expressar sua paixão pela leitura, disse: ler é sonhar pelas mãos de outrem. As possibilidades infinitas que os livros possuem nos levam a mundos jamais imaginados, lugares desconhecidos, épocas remotas e recheadas de aventura, emoção e ensinamentos. Por isso, sempre digo: ler é um passatempo – um aprendizado – inesgotável. 
 
E por estarmos no tempo do Natal, época cheia de vida, magia e felicidade, igual a uma deliciosa história dos livros infantis e juvenis, fica aqui registrada minha sugestão: presenteie a quem você mais ama com um bom livro. Garanto que será mais do que um presente, uma demonstração de carinho. Será a porta de entrada para um mundo novo, repleto de novas experiências e sensações. E, do hábito à leitura, uma forma de desenvolvimento humano poderosa e que certamente irá  engrandecer profundamente. 
 
A importância da leitura está para as pessoas de todas as idades assim como o combustível está para os automóveis. Às crianças pequenas, para se incentivar cada vez mais e mais a ter o saudável e estimulante hábito de ler; aos adolescentes e adultos, para que adquiram mais conhecimentos para suas vidas pessoal e profissional; e aos idosos para que possam gozar de uma velhice tranquila, com disposição, e, sobretudo, com a lucidez que a leitura, segundo a ciência já provou,  ajuda a manter e melhorar. 
 
Quando o Instituto Pró-Livro realizou, em 2008, a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, identificamos, com enorme satisfação, que há um importante papel dos pais, mais especificamente das mães, no incentivo à leitura dos filhos. A faixa etária dos cinco aos 17 anos é a que mais lê, representando quase 40% dos leitores. Outro dado que chamou a atenção foi em relação aos jovens entre 18 e 24 anos. Mais diversificados multidisciplinarmente, eles não deixam o livro de lado em troca de novas mídias como aparelhos de mp3, ao contrário, muitos preferem ler ouvindo música. 
 
Se queremos construir um País melhor e mais equânime, com oportunidades reais e iguais para todos, precisamos  fortalecer as nossas bases. O incentivo à leitura em casa, na escola e em todos os lugares tem papel fundamental para transformarmos as futuras gerações em vencedoras e capacitadas a ter uma qualidade de vida – pessoal e profissional – digna com a grandeza do País. No entanto, não podemos nos esquecer do presente, da geração atual, que infelizmente ainda lê muito pouco, caso dos idosos. 
 
De acordo com dados da pesquisa do IPL direcionados à Melhor Idade, apenas 2% da população de idosos no Brasil têm como costume a leitura. Muito pouco para uma fase da vida que necessita de cuidados especiais e de atividades que exercitem a memória todos os dias. Por isso, nada melhor que presentear os patriacas e as matriarcas das famílias, que foram e são a base da nossa formação como cidadãos, com boas histórias, bons livros. Além de melhorar a qualidade de vida, podemos apresentar mundos novos e toda a magia e encantamento que só a leitura pode proporcionar.  
 

Agentes fomentadores da leitura 

É de fundamental importância que o incentivo à leitura comece no seio familiar, mas tão essencial quanto, é o papel que cada um de nós brasileiros temos como agentes fomentadores, seja emprestando um pouco do nosso tempo para apresentar e ler livros às crianças, pessoas carentes, idosos ou desemparados ou, ainda, criando campanhas de arrecadação junto a familiares, amigos e desconhecidos no seu bairro ou na sua cidade.  

Um livro dado é conhecimento passado adiante. Por meio de campanhas veiculadas na grande imprensa ou do apoio a iniciativas sérias em todo o Brasil, o Instituto Pró-Livro dedica-se com afinco à expansão do hábito da leitura. Sabemos que o trabalho não está completo, por isso queremos aqueles que tenham a  leitura como fonte inesgotável de informação e lazer  nesta campanha. Todos sairão ganhando. Quem  participa, quem recebe um momento de carinho e, principalmente, o Brasil. Termino este relato com dois pensamentos. Um do ensaista e filósofo francês Voltaire, que dizia: ler engrandece a alma. Outro de Fernando Pessoa, sua mais conhecida frase: tudo vale a pena  quando a alma não é pequena. 

 
*Karine Pansa é presidente do Instituto Pró-Livro